"Não devemos nos questionar porque algumas coisas nos acontecem e sim o que podemos fazer com o tempo que nos é dado"
O Senhor dos Anéis
- Samuel, o jantar está na mesa. É melhor você vir. Se não sua comida vai esfriar e a mamãe tem de lavar as panelas.
Minha irmã por mais que vivia com sua cara muito fechada, conseguia ser a garota mais linda que já vi em toda a minha vida. Seu lindos cabelos ruivos, me fazia lembrar das folhas de um outono americano. Seus olhos meio puxados e sua cor morena me lembrava uma índia com seus longos cabelos principalmente quando ela decidia nadar no riacho que havia em frente a nossa casa.
Ao entrar em casa, minha mãe estava jantando à mesa e Amélia sentada ao sofá assistindo televisão.
- Por que você não se senta à mesma com a gente Amélia?
- Porque estou querendo ver uma reportagem na televisão.
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Quando me sentei à mesa, fiquei olhando um bom tempo para minha mãe sem tocar na comida. Há muito tempo ela era calada. Nunca entendi o motivo. Já era uma senhora de 55 anos com olheiras pelo fato de sempre dormir tarde e acordar cedo para ir ao mercado. Seus cabelos já começavam a ficar grisalhos e odiava quando tentávamos ajudá-la a fazer alguma coisa. Ela se sentia inválida pelo fato da idade estar chegando. Me doía o peito ao me lembrar de quando ela brincava comigo e minha irmã. Até mesmo quando ela corria atras de nós para nos bater. Minha mãe era realmente uma guerreira. Mas ela realmente deveria ter um motivo muito forte para ser daquele jeito. Isso tudo foi depois que meu pai foi embora para cidade grande a procura de uma condição melhor para nossa família.
Eu tinha 7 anos quando ele juntou suas malas e se foi. Lembro até hoje das palavras saindo da boca dele dizendo "Eu volto para buscar vocês. Eu prometo". Já se faz 11 anos desde que isso aconteceu. Seu celular sempre dava na caixa de mensagens e a gente não tinha condições para ficar ligando assim.
Dependíamos da aposentadoria de minha mãe e de uns bicos de garçom que as vezes eu conseguia em um restaurante na cidade. Me questionava sempre se era o fato de meu pai ter nos deixado que a deixou desse jeito. Quando fiz meus 15 anos perguntei a ela o porque de ter deixado o meu pai ir embora e nos deixado. Após essa pergunta, ganhei um soco na boca que me derrubou e me tirou sangue e junto escutei as seguintes palavras: "Jamais me julgue por causa das atitudes de seu pai. Se ele fez isso foi pensando em nós. Foi para ir atrás de uma condição muito melhor para você e sua irmã. Eu peço todos os dias a Deus que o proteja onde ele esteja. Posso não amá-lo mais como eu o amava, mas serei grato a ele eternamente por ter cuidado de mim após o seu nascimento. Porque por sua causa, já era para eu ter virado comida de vermes embaixo da terra a muito tempo".
Essa última frase entrou em meu peito feito um arpão envenenado que saiu destruindo tudo dentro de mim. Essa frase doeu mais do que seu soco, mais do que a ida de meu pai. Fez uma cicatriz enorme em minha memória de um jeito eu jamais iria esquecer. Queria poder ter voltado um pouco no tempo e não ter dito isso. E ainda à mesa, eu a olhava. Tentava procurar em cada traço, em cada linha de seu rosto, uma forma de ela olhar para mim novamente como ela tanto já olhou. De falar comigo novamente como ela tanto já falou. Sentia falta de escutar ela chamando meu nome, mas principalmente, dela me chamando de "meu filho". Depois desse acontecimento ela nunca mais me abraçou. Senti uma gota molhando meu braço.Foi quando percebi que estava chorando, por não ter uma mãe como eu realmente queria e no fundo eu sabia que também não era o tipo de filho que toda mãe sonhou. Queira um dia poder escutar dela que sentia orgulho de mim, mas as únicas coisas que já escutei e mesmo assim da minha irmã, foi que eu era tão imprestável que nem para arrumar um emprego descente eu não prestava. Por mais humilhado que eu era com essas palavras, eu acabava sentindo necessidade de ficar ali ainda para ajudá-las. Ainda tinha esperanças de escutar de minha mãe um 'eu te amo meu filho'.
Como morávamos no interior então a única luz que havia era a da casa e a das estrelas. Foi o que me fez apaixonar por elas. Milhões de estrelas juntas formavam como se fosse um tapete no céu e pra mim, ver estrelas cadentes era umas das coisas mais normais do mundo. Como o riacho fazia um contorno em nossa casa, todos os quartos davam de frente pra ele. A diferença entre isso é que nós olhávamos pela posição do sol. Meu quarto era o primeiro, então era o primeiro ao sol e a lua iluminarem. O segundo, no final do corredor cumprido com quadros de parentes, era o de minha mãe e o terceiro onde o sol iluminada antes de se esconder era o Amélia.
Desde pequeno, antes de me deitar, fazias as orações que mamãe havia me ensinado. Rezar um Pai Nosso era como se fosse o fechamento de meu dia. De vez em quando, eu acabava pegando o terço e rezando por toda a minha família que se resumia em nós três. Ao encostar a cabeça no travesseiro, eu olhava para o céu, já que minha cama ficava em um ponto estratégico de modo que eu pudesse ver as estrelas, e pensava em tudo o que eu havia feito naquele dia. As vezes até acabava imaginando em coisas que poderiam acontecer no outro dia. Meu olhos foram fechando e quando dormi, parece que havia caído na cidade grande.
Meu subconsciente entendia que tudo não passava de um sonho apresar de tudo parecer muito real ao ponto de poder escutar buzinas e barulhos de carros. Como se quando as pessoas me esbarravam com força, eu sentia o empurrão delas. Ao olhar para o lado, vi a imagem de meu pai. Ele estava de costas e ao me aproximar, ele se afastou um pouco. Eu o perguntei:
- Porque você se afasta?
Ele não respondeu. Decidi perguntar mais uma vez e sem chance. Decidi tocá-lo quando ele disse:
- Não encoste em mim.
- Por qual motivo? Você é meu pai.
- Quem disse?
-Mamãe. Você prometeu voltar para nos buscar e acabou nos abandonando. Como você consegue viver assim de...
- Se eu realmente vivesse eu poderia até entender, mas como isso não acontece, simplesmente não posso dizer nada.
- Como assim você não vive? Você nos deixou para procurar algo melhor pra você e não vive? Garanto que deve estar melhor do que nós ultimamente.
- É triste pra mim escutar isso de um alguém. Se você soubesse realmente a verdade, não estaria me julgando tanto assim.
- Então me diz! Me diz qual é a verdade!! - Percebia que no sonho eu começava a alterar a voz para um tom mais alto. Percebi que eu estava ficando nervoso ao contrário dele que mantinha a calam que sempre teve.
Ele ficou calado e começo a se afastar. Perguntei:
- É sempre assim que você faz quando alguém te faz uma pergunta que você não sabe responder?
Ele continuou caminhando. Quando dei o primeiro passo para ir atras dele, o chão começou a tremer feito um terremoto. Eu escutava gritos, mas não via ninguém desesperado a não ser eu. Procurei sair correndo, mas tudo o que eu via, era prédios caindo e muita poeira. Sai correndo para uma avenida e ao virar a esquina, vi meu pai novamente parado no canteiro do meio. Vi que um prédio tombava na direção que ele estava e ao gritar para ver se ele saía daquele lugar, minha voz não saía. E por maior força que eu fazia para dizer, nada saía, nem se quer um "A".
Ao tentar correr para o tirar dali, ele começou a se virar para mim com um sorriso que eu jamais poderia esquecer, mas aquele monte de aço e concreto caiu em cima dele com toda força possível, me fazendo parar e olhar espantado sem reação para correr mais. Fui perdendo força nas pernas e me ajoelhei colocando a mão na cabeça. De repente, todas as pessoas que corriam pararam e olharam diretamente para mim. Senti algo escorrer pelos meu olhos e me vi chorando pela perda de meu pai. Enxuguei as lágrimas e me apoiei no chão para que pudesse levantar. Feito isso, senti algo atravessar meu peito. Uma barra de aço que se soltara do prédio, atravessara meu peito direito me fazendo cair e ao me aproximar do chão novamente, se abriu um profundo buraco negro que me engoliu e logo em seguida se fechou.
Eu conseguia sentir a dor daquela ferida. Quando o buraco se fechou, parecei que eu estava no céu a noite. Eram várias estrelas. Milhares delas. Lembrei de minha casa e quanto mais eu ia caindo, mais dava para ver para onde estava indo. Eu comecei a enxergar água e vi que iria cair em um oceano. Quando fui chegando mais perto da água, fechei meus olhos e ao mergulhar acordei suando e com uma brisa entrando pela janela e ventilando todo o meu quarto.
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Eu tinha 7 anos quando ele juntou suas malas e se foi. Lembro até hoje das palavras saindo da boca dele dizendo "Eu volto para buscar vocês. Eu prometo". Já se faz 11 anos desde que isso aconteceu. Seu celular sempre dava na caixa de mensagens e a gente não tinha condições para ficar ligando assim.
Dependíamos da aposentadoria de minha mãe e de uns bicos de garçom que as vezes eu conseguia em um restaurante na cidade. Me questionava sempre se era o fato de meu pai ter nos deixado que a deixou desse jeito. Quando fiz meus 15 anos perguntei a ela o porque de ter deixado o meu pai ir embora e nos deixado. Após essa pergunta, ganhei um soco na boca que me derrubou e me tirou sangue e junto escutei as seguintes palavras: "Jamais me julgue por causa das atitudes de seu pai. Se ele fez isso foi pensando em nós. Foi para ir atrás de uma condição muito melhor para você e sua irmã. Eu peço todos os dias a Deus que o proteja onde ele esteja. Posso não amá-lo mais como eu o amava, mas serei grato a ele eternamente por ter cuidado de mim após o seu nascimento. Porque por sua causa, já era para eu ter virado comida de vermes embaixo da terra a muito tempo".
Essa última frase entrou em meu peito feito um arpão envenenado que saiu destruindo tudo dentro de mim. Essa frase doeu mais do que seu soco, mais do que a ida de meu pai. Fez uma cicatriz enorme em minha memória de um jeito eu jamais iria esquecer. Queria poder ter voltado um pouco no tempo e não ter dito isso. E ainda à mesa, eu a olhava. Tentava procurar em cada traço, em cada linha de seu rosto, uma forma de ela olhar para mim novamente como ela tanto já olhou. De falar comigo novamente como ela tanto já falou. Sentia falta de escutar ela chamando meu nome, mas principalmente, dela me chamando de "meu filho". Depois desse acontecimento ela nunca mais me abraçou. Senti uma gota molhando meu braço.Foi quando percebi que estava chorando, por não ter uma mãe como eu realmente queria e no fundo eu sabia que também não era o tipo de filho que toda mãe sonhou. Queira um dia poder escutar dela que sentia orgulho de mim, mas as únicas coisas que já escutei e mesmo assim da minha irmã, foi que eu era tão imprestável que nem para arrumar um emprego descente eu não prestava. Por mais humilhado que eu era com essas palavras, eu acabava sentindo necessidade de ficar ali ainda para ajudá-las. Ainda tinha esperanças de escutar de minha mãe um 'eu te amo meu filho'.
Como morávamos no interior então a única luz que havia era a da casa e a das estrelas. Foi o que me fez apaixonar por elas. Milhões de estrelas juntas formavam como se fosse um tapete no céu e pra mim, ver estrelas cadentes era umas das coisas mais normais do mundo. Como o riacho fazia um contorno em nossa casa, todos os quartos davam de frente pra ele. A diferença entre isso é que nós olhávamos pela posição do sol. Meu quarto era o primeiro, então era o primeiro ao sol e a lua iluminarem. O segundo, no final do corredor cumprido com quadros de parentes, era o de minha mãe e o terceiro onde o sol iluminada antes de se esconder era o Amélia.
Desde pequeno, antes de me deitar, fazias as orações que mamãe havia me ensinado. Rezar um Pai Nosso era como se fosse o fechamento de meu dia. De vez em quando, eu acabava pegando o terço e rezando por toda a minha família que se resumia em nós três. Ao encostar a cabeça no travesseiro, eu olhava para o céu, já que minha cama ficava em um ponto estratégico de modo que eu pudesse ver as estrelas, e pensava em tudo o que eu havia feito naquele dia. As vezes até acabava imaginando em coisas que poderiam acontecer no outro dia. Meu olhos foram fechando e quando dormi, parece que havia caído na cidade grande.
Meu subconsciente entendia que tudo não passava de um sonho apresar de tudo parecer muito real ao ponto de poder escutar buzinas e barulhos de carros. Como se quando as pessoas me esbarravam com força, eu sentia o empurrão delas. Ao olhar para o lado, vi a imagem de meu pai. Ele estava de costas e ao me aproximar, ele se afastou um pouco. Eu o perguntei:
- Porque você se afasta?
Ele não respondeu. Decidi perguntar mais uma vez e sem chance. Decidi tocá-lo quando ele disse:
- Não encoste em mim.
- Por qual motivo? Você é meu pai.
- Quem disse?
-Mamãe. Você prometeu voltar para nos buscar e acabou nos abandonando. Como você consegue viver assim de...
- Se eu realmente vivesse eu poderia até entender, mas como isso não acontece, simplesmente não posso dizer nada.
- Como assim você não vive? Você nos deixou para procurar algo melhor pra você e não vive? Garanto que deve estar melhor do que nós ultimamente.
- É triste pra mim escutar isso de um alguém. Se você soubesse realmente a verdade, não estaria me julgando tanto assim.
- Então me diz! Me diz qual é a verdade!! - Percebia que no sonho eu começava a alterar a voz para um tom mais alto. Percebi que eu estava ficando nervoso ao contrário dele que mantinha a calam que sempre teve.
Ele ficou calado e começo a se afastar. Perguntei:
- É sempre assim que você faz quando alguém te faz uma pergunta que você não sabe responder?
Ele continuou caminhando. Quando dei o primeiro passo para ir atras dele, o chão começou a tremer feito um terremoto. Eu escutava gritos, mas não via ninguém desesperado a não ser eu. Procurei sair correndo, mas tudo o que eu via, era prédios caindo e muita poeira. Sai correndo para uma avenida e ao virar a esquina, vi meu pai novamente parado no canteiro do meio. Vi que um prédio tombava na direção que ele estava e ao gritar para ver se ele saía daquele lugar, minha voz não saía. E por maior força que eu fazia para dizer, nada saía, nem se quer um "A".
Ao tentar correr para o tirar dali, ele começou a se virar para mim com um sorriso que eu jamais poderia esquecer, mas aquele monte de aço e concreto caiu em cima dele com toda força possível, me fazendo parar e olhar espantado sem reação para correr mais. Fui perdendo força nas pernas e me ajoelhei colocando a mão na cabeça. De repente, todas as pessoas que corriam pararam e olharam diretamente para mim. Senti algo escorrer pelos meu olhos e me vi chorando pela perda de meu pai. Enxuguei as lágrimas e me apoiei no chão para que pudesse levantar. Feito isso, senti algo atravessar meu peito. Uma barra de aço que se soltara do prédio, atravessara meu peito direito me fazendo cair e ao me aproximar do chão novamente, se abriu um profundo buraco negro que me engoliu e logo em seguida se fechou.
Eu conseguia sentir a dor daquela ferida. Quando o buraco se fechou, parecei que eu estava no céu a noite. Eram várias estrelas. Milhares delas. Lembrei de minha casa e quanto mais eu ia caindo, mais dava para ver para onde estava indo. Eu comecei a enxergar água e vi que iria cair em um oceano. Quando fui chegando mais perto da água, fechei meus olhos e ao mergulhar acordei suando e com uma brisa entrando pela janela e ventilando todo o meu quarto.
Minha respiração e meu coração estavam acelerados. As palavras que meu pai havia dito no sonho foram tão reais que não conseguia esquecer nenhuma sequer. Me levantei e enchi um copo com água indo em seguida para a janela. Fiquei olhando para o riacho que era bastante visível à luz da lua. O que será que ele quis dizer com "se eu realmente vivesse..."; Se fosse problema de roubo, ele já teria passado um novo número para a gente e não teria ficado, mais de 10 anos, sem nos dar notícia. Muitas correspondências que minha mãe recebeu, nunca foram mostradas pra mim e nem pra minha irmã. Será que ela esconde algo d'agente? Será que aconteceu alguma coisa com meu pai e ela nunca nos contou?
Nesse momento me passavam milhões de coisas na mente. Coisas que ainda não foram ditas e consequentemente não explicadas.
Porque será que ele não correu ao ver o prédio caindo em cima dele? Por mais desesperados todos à sua volta estavam, ele continuava com aquele sorriso inesquecível e no sonho ele vestia a mesma roupa de quando se foi. Uma camisa social branca, uma calça jeans preta com um pequeno furo no bolso direito e uma bota preta. Levava poucas roupas em uma bolsa marrom escuro. Outra coisa também que me veio à cabeça, foi, por que todos pararam para me ver morrer?
Olhei para o céu e me lembrei de quando cai dentro do buraco. A escuridão era toda iluminada por estrelas. Apesar de não me importar muito com os sonhos, o dessa noite me atingiu de uma forma inesperada. Há muito tempo não sonhava com meu pai e quando sonhava, era como se fossem lembranças de quando era pequeno. Mas dessa vez não. Dessa vez, parece que ele me enxergava como um homem maduro e queria abrir o jogo comigo. Ele foi mais direto, não me chamou pelo nome, muito menos de filho. Não pude tocá-lo. Não pude senti-lo. Muito menos olhar em seus olhos, olhar de frente. Não sei se ele era quente ou frio, se é que se pode sentir temperatura em um sonho. Eu precisava criar coragem para perguntar minha mãe sobre algo referente à ele, mas depois do soco que levei dela, é como se eu tivesse medo do que ela pudesse fazer agora que eu já era maior. Pensei "Deus me ajuda. Pelo amor que o Senhor tem a mim, me ajuda. Me diga onde está meu pai." Ainda olhando para o céu vi uma estrela cadente e a pergunta de onde ele estava ficou ficando cada vez mais forte. Tanta coisa para se sonhar e por quê logo com meu pai e ainda mais sonhar um quebra cabeça. Voltei para cama e deixei que a escuridão trouxesse novamente meu sono.
No outro dia, levantei bem cedo para que pudesse ir a casa do fazendeiro mais próximo de nossa casa, para poder comprar leite, pães e verduras e mais algumas coisas para a ceia de Natal. Peguei minha bicicleta que comprara no verão passado e peguei a estrada que me levava até o local. Fui pensando no sonho que tivera na noite anterior. Pensava em tudo apesar de já ter esquecido algumas coisas. No meio do caminho fui chamado:
- Samuel.
Era Anita, uma amiga da redondeza.
- Ola mocinha, como você está?
- Eu estou bem e você?
- Tô bem na medida do possível. O que anda fazendo por aqui, ainda mais tão cedo assim?
- É que sei que toda as vezes você sai pra comprar coisas para sua casa então decidi encontrar com você, sei lá, talvez até ir contigo na fazenda. Será que posso?
- Claro que pode Anita. Que pergunta.
Começamos então a conversar e seguir em direção da fazenda.
- E você e sua mãe já voltaram a conversar?
- Nada. Ela não olha pra mim ainda. Acho que não gosta de mim e o sonho dela era que eu morresse.
- Não diz uma coisa dessa. Nenhuma mãe desejaria isso para um filho.
- Não duvido muito da minha. Ela é muito estranha sabe. Não conversa com ninguém. Talvez a unica pessoa que escuta ela dizer algo e o seu Macedo do mercado, porque só lá e na igreja que ela vai.
- Mamãe disse que já faz um bom tempo que não vê sua mãe na igreja.
- É. Uns dias atrás elas foi estender roupas no varal e acabou pisando em um buraco no que fez ela virar o tornozelo. Amélia iria ajudar ela, mas ela ignorou.
- Hummm. Mas agora ela está bem?
- Minha mãe sempre fica bem de um dia pro outro. As vezes acho que Deus fez ela a prova de sofrimento, porque eu nunca vi ela chorar. Nem mesmo quando o meu pai se foi.
- Ele nunca mais deu noticias não é.
- É. Tive um sonho com ele essa noite. Um sonho muito estranho.
- Como era?
- Eu estava em uma rua e de repente avistei meu pais. Não o tacava e nem o olhava de frente. Ele disse umas coisas muito estranhas e uma hora ele disse "seu eu realmente vivesse...". Nem sei o que ele quis dizer com isso.
- Que estranho.
- Depois ele saiu andando e o chão começou a tremer. Sai correndo até uma avenida e o avistei novamente. De repente um prédio desabou em cima dele e uma barra de aço veio em direção ao meu peito. Quando cai o chão se abriu me engolindo e ao fechar, parecia que estava caindo do céu em direção ao mar.
- Que sonho bizarro. E o que aconteceu depois?
- Quando cai no oceano eu acordei.
- Acha que isso seria uma mensagem?
- Não sei Anita. Minha mãe tem correspondências que nunca mostrou nem a mim e nem a Amélia. Não sabemos o que há nelas. Talvez alguma delas seja do meu pai.
- E por que você mesmo não as procura?
- Minha mãe é foda. Quando ela não está no quarto dela, ele fica trancado e chave só vive no pescoço dela. Não me passa nenhuma ideia de como entrar lá.
- Então diante disso você nunca vai ficar sabendo o que há nas cartas e nem de quem são.
- Nunca talvez não, mas por enquanto isso está longe de acontecer. Bom chegamos, você vai entrar?
- Claro. Tem alguém ai que quero ver.
- O filho do fazendeiro?
- Não, melhor do que isso.
Chegando ao estabelecimento, já fui solicitando a atendente tudo o que eu precisava. Seu nome era Lucy. Tinha um cabelo ruivo curto até as orelhas e maravilhosos olhos verdes. Possuía algumas sardas nas bochechas. e usava aparelho na boca. Percebi que ao ver Anita, Lucy ficou meio que desajeitada e ao olhar para trás, percebi que Anita virava toda hora para olhá-la. Por mais que eu não queria pensar nas coisas que me vinham à cabeça em relação as duas, a atitude delas me fazia ter certeza de que era aquilo mesmo que pensava.
Quando estávamos indo embora, não me contive e perguntei a Anita:
- Foi impressão minha ou você e a Lucy estavam se paquerando?
- Por que você acha isso?
- Você estava olhando toda hora pra ela e ela ficou até meio "desconsertada" quando isso acontecia.
Anita deu uma pequena risada e colocou algumas mechas de seu cabelo para trás quando me disse:
- Já tem um tempo que eu e Lucy nos encontramos após os horários de trabalho dela.
- Se encontram! Como assim?
- Saímos, damos algumas voltas nas redondezas. Conversamos muito, sobre várias coisas.
- Vocês já se beijaram?
- Aff Samuel, que pergunta. Claro que já.
Acho que naquele momento seria melhor não ter escutado aquela resposta. Senti meu rosto queimar e com esse fervor, parecia que eu ia mudando de cor toda hora.
- E isso está acontecendo desde quando? - Perguntei meio gaguejando.
- Já vai fazer mais ou menos um mês e meio que nós duas ficamos. Nos conhecemos em um dia que eu fui à biblioteca e quando estava voltando ela estava saindo da fazenda. Ficamos olhando uma para a outra e acabamos nos conhecendo.
- E como é ficar com uma pessoa do mesmo sexo.
- Igual ficar com uma pessoa de sexo diferente. A unica diferença é que ela tem as mesmas coisas que você. - E ela deu uma risada.
Com a risada dela eu acabei dando uma risada também. E pensei em tudo que ultimamente andava sentindo. De um tempo pra cá, me sentia atraído por homens, com uma vontade enorme de querer o abraço de um, o colo de um. Um homem que pudesse me abraçar e ficar ali pra sempre. Sentia a falta de um amor pra mim, mas não um amor de mulher, pois uma hora ou outra, eu teria de aceitar que o que eu realmente gostava era de homens.
- Acho que ficou surpreso com a notícia não Samuel? - Perguntou Anita interrompendo os meus pensamentos.
- Não. Que isso. Quer dizer, sim. Ainda mais você Anita. Você que sempre demonstrou ser tão comportada nas aula e...
- Samuel, eu não deixei de ser comportada por ter ficado com uma garota. Eu só passei a tomar minhas próprias decisões. Fazer aquilo que tenho vontade e gostar do que realmente gosto.
- Então desde a escola que você gosta de garotas?
- Sim. E sei que desde esse mesmo tempo você gosta de garotos. - Aquela afirmação veio como uma pedrada na minha cabeça. Como ela sabia? Eu nunca contei isso à ela. Será que eu estou demonstrando isso? Parei de andar e a fiquei olhando sem expressão alguma. - Ah, para com isso! Samuel, não há pessoa nesse mundo que não te conheça mais do que eu. Somos amigos há tanto tempo e sei que você esconde isso dentro de você.
Comecei a pensa que ela estava lendo os meus pensamentos. Ela pegou em minhas mãos e olhou em meus olhos. Ao fazer isso, disse:
- Samuel, uma hora você vai querer se libertar dessa corrente que te prende chamada insegurança. Olha, onde você vai passar o Ano Novo?
- Ainda não sei. Minha irmã vai pra casa de uma amiga na cidade e minha mãe deve passar na igreja. Talvez eu vá com ela.
- Não. Esse ano você vai passar a virada de ano comigo. Afinal, já tem 2 anos que você está me prometendo isso e nunca acontece.
- E onde você vai passar?
- Bom, uns amigos da Lucy vão fazer uma festa em uma fazendo no caminho pra cidade. Vão vir pessoas de fora também, então assim. Só vão ter pessoas como agente e...
- Como você.
- Aff, o que seja Samuel. O importante é que nós vamos e eu jamais aceitarei um "não' como resposta. Não fique assustado, lá você vai esquecer do mundo e vai pedir para que o tempo não passe depressa.
- Tem que pagar alguma coisa?
- Isso é o de menos Samuel. Apenas sonhe com o dia. Bom, tenho que ir. Pense mais no que você sente. Dê valor a isso. Não é difícil viver quando nos sentimos melhor com nós mesmo.
- Ta.
- Tchauzinho.
- Tchau e juízo hein.
- Beleza.
A estrada que levava à fazenda era alta e da parte onde Anita se foi, dava pra ver toda região da cidade. As serras e o lago para onde iam as águas do riacho que passavam em frente a minha casa, a serralheria onde meu pai várias vezes ia buscar lenha. Dava pra ver também a cabana onde eu costumava brincar sozinho e até mesmo me esconder quando queria não voltar mais pra casa. Por um pequeno momento me bateu uma saudade enorme desse tempo. Um tempo que não dava mais pra voltar e que o tempo já havia modificado.
Chegando em casa vi que minha irmã estava arrumando as malas.
- Pra onde você está indo? - Perguntei.
- Vou pra cidade Samuel. Consegui um emprego lá e não vai dar pra ficar vindo aqui todos os dias pra voltar no outro. Vou morar com umas amigas e...
- Mamãe está sabendo? Você chegou a avisá-la?
- Mamãe não dá ouvidos para o que falamos. Ela vive nessa angústia e outra, não é fácil pra mim ter uma mãe que parece mais vegetar do que viver. - Nesse quesito ela tinha razão.
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- Samuel, a vida pra gente continua. Ultimamente, as atitudes que ela anda tendo, não são das melhores. Eu não posso ficar aqui dependendo de você e dela. Eu também preciso crescer na minha vida, ter o meu próprio dinheiro, ter minhas responsabilidades. Um dia você vai fazer isso também meu irmão.
Ela me abraçou e começou a chorar com leves soluços. Eu a abracei forte. Por um lado ela estava certa. Uma hora, querendo ou não eu teria de seguir minha vida. Teria de arrumar um emprego descente pra mim e não ficar vivendo mais de bicos e outras coisas. Eu a abraçava cada vez mais forte. Amélia se tornou uma mulher linda e naquele momento, me veio todos os momentos que passamos juntos desde criança até os dias de hoje. Tudo o que ela havia feito por mim e tudo o que eu havia feito por ela. O quanto brincamos e também o quanto brigamos. Ela havia se tornado um guerreira e estava indo encarar a vida de frente, viver sua vida.
- Eu prometo que mantenho contato ta bom? - Disse ela.
- Tudo bem. - Respondi com um nó na garganta.
- E prometo também que volto para visitá-lo. Afinal, vocês serão sempre a minha família e você o homem mais incrível da minha vida.
Nesse momento eu não pude conter minhas lágrimas e deixei que tomassem conta de meu rosto. Quando abri os olhos, mamãe estava na porta nos olhando. Por um pequeno momento, queria eu culpa-la de tudo, mas percebi que a decisão de Amélia não era por culpa dela. Deixei que ela se despedisse da mãe e com lágrimas escorrendo de meus olhos, fiquei me imaginando o que seria de mim sem minha irmã.
Ajudei a levar suas coisas até a porta, mesmo ela levando apenas duas mochilas. Fui até os fundos pegar sua bicicleta e ao olhar no sentido do riacho, vi a pedra onde costumávamos ficar sentados no final do dia, conversando. Senti minhas lágrimas escorrendo novamente pelo meu rosto e voltei para entregar a bicicleta. Dei-lhe um último abraço e a desejei sorte na cidade.
- Saiba que as portas de casa estarão sempre abertas pra quando quiser voltar ta bom!
- Pode deixar. Eu sei que amor igual o que tenho aqui, nunca mais vou encontrar. Vou sentir saudades.
- Eu já estou com saudades.
Ela deu um sorriso misturado com lágrimas e montou na bicicleta partindo em seguida. Fiquei parado ali por um tempo, até que ela sumisse ao longe e feito isso, entrei e fui em direção ao quarto dela. Quando estava entrando no quarto que ela dormia, vi mamãe em seu quarto, exatamente na janela com as mãos no rosto. Desde que meu pai se foi, aquela era a primeira vez que a vi chorar. Comecei a chorar sem expressão ao ver a cena e entrei na porta a minha frente.
O cheiro de Amélia ainda dominava aquele quarto. A cama arrumada, a comoda descascada., o espelho descascando e junto à ele, uma foto de nós dois. Olhei embaixo da cama dela e havia um casaco. Peguei-o e o coloquei no rosto pra sentir o cheiro dela. Sentei na cama e fiquei ali o resto do dia. Não tinha fome muito menos sede.
Ao final do dia, fui pra beira do riacho exatamente na pedra onde costumávamos ficar sentados. Chorei muito olhando para a foto e com o casaco dela nas minhas mãos. Me veio a mente quando ela me disse "um dia você vai fazer isso também meu irmão". Me veio tudo na mente que conversávamos e olhando para o sol se pondo atrás da macieira, pedi a Deus que tomasse conta dela, que a protegesse de todo o mal e que não lhe deixasse faltar nada.
Coloquei a foto na água e deixei que o riacho a levasse afinal, agora ela era uma garota livre e foi procurar sua felicidade. Uma garota que pra mim sempre será exemplo e querendo ou não jamais deixarei de amá-la.
A noite de Natal não foi como os outros anos. Mamãe não se importava muito com isso, poque ela passava na casa de sua irmã a umas seis fazendas sentido à cidade. Eu preferi ficar em casa. A noite estava com a presença de lua minguante e a sua volta milhões de estrelas. Peguei uma garrafa de vinho no armário e alguns pedaços de panetone e queijo. Fui para a beira do riacho e fiquei por ali mesmo pensando que ultimamente as coisas estavam mudando e não havia nada que eu pudesse fazer.
Deitei na grama e fiquei olhando para a lua e imaginando o que Deus teria reservado pra mim na minha vida. Me lembrei do sonho que havia tido na noite anterior. Me perguntei se meu pai estava vivo. Quando o vinho acabou, voltei pra casa. Esse foi o pior Natal que passei em minha vida e queria agradecer por ele ter acabado.
No outro dia, levantei mais tarde com o cheiro do almoço. Fui para o banheiro, tomei um banho e escovei os dentes. Ao chegar na cozinha, mamãe estava terminando de lavar algumas vasilhas.
- O almoço está pronto mãe? - perguntei mas como sempre, sem sucesso de resposta.
Fiquei a olhando e me perguntei até quando ela ficaria assim comigo e foi justamente essa pergunta que decidi colocar para fora:
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- Mãe, até quando vai ficar sem falar comigo? O que foi que eu fiz com você pra merecer esse desprezo todo? - Sem resposta. Nem ao menos olhar pra mim ela olhava. Decidi chegar mais próximo dela. Feito isso a virei para mim olhei em seus olhos e disse: - Eu estou casado de viver de uma fora que a minha mãe não fala comigo. Eu não sei o que fiz pra que você ficasse assim comigo. O problema sou eu mãe? Você quer que eu vá embora? Eu só quero escutar uma palavra sua. Eu tenho o direito de saber o porque de você não querer falar comigo.
Comecei a apertá-la sem ao menos perceber. Ela olhou para minhas mãos em seus braços e com um rosto espantado disse:
- Você está me machucando.
Eu a soltei. Vi que sua voz havia mudado muito desde a última vez que a ouvira e fiz novamente a pergunta:
- O que foi que eu fiz com você para que ficasse esse tempo todo sem falar comigo.
- Você nasceu.
Não esperava escutar isso dela.
- Eu não quis ter outro filho. Isso foi ideia do seu pai. Depois ele foi embora e me deixou com você e sua irmã. Várias vezes pensei em te jogar naquele riacho e deixar você ir embora, mas eu tinha medo de que seu pai voltasse e perguntasse onde você estava. E pela sua irmã também não fiz. Hoje você já é grande o suficiente e não precisa mais de mim. Diante disso, não tem o porque de ficar dando satisfação pra você.
Eu a larguei e sai de casa chorando feito uma criança. Minha mãe nunca quis me ter. Minha mãe já pensou em me matar. Eu não aceitava isso, eu a amava muito mesmo não nos falando. Sai sem direção. Vi a mata que dava para a cachoeira onde eu e minha irmã costumávamos brincar quando criança. Chegando lá sentei na beira da água e fiquei chorando, pensando nas coisas que ela havia me dito. O sol batia em minhas costas meu corpo fazia uma pequena sombra na água. A água era tão cristalina que dava para ver o peixes ao fundo. A cachoeira não era tão grande assim, mas era de deixar a boca aberta de tão linda.
Minha cabeça estava doendo muito e muito aérea. Pensa frequentemente em tudo o que ela havia me dito. por um momento, desejei voltar naquele momento e não ter feito aquelas perguntas.
A temperatura estava aumentando e minha cabeça já fervendo. Resolvi entrar na água, afinal, já tinha tempos que não fazia isso. A temperatura dela estava ótima e foi muito mais fácil entrar. Dei alguns mergulhos, fui pra debaixo da cachoeira, fiquei boiando olhando as árvores a minha volta. E olhando para elas me veio a lembrança de quando minha mãe disse que já pensou em me jogar no riacho. Decidi então fazer o que ela tanto quis, talvez isso não faria tanta diferença para ela. Deixei que meu corpo pesasse e me afundei. Fiquei olhando a luz do sol meio embaçada por causa da água e fechei os olhos deixando que tudo acontecesse s e procurando não entrar em panico. Fui ficando leve e deixando com que a mente fosse embora.
Isso tudo acabou quando fui puxado para a superfície. Nessa hora acabei me desesperando porque toda a paz que havia encontrado, tinha sido interrompida por dois braços e que me puxaram.
- Você está louco? - Disse a voz.
Com meus olhos meio cheios de água ainda e passando a mão neles, respondi:
- Eu que pergunto se é você que está ficando louco.
Quando consegui realmente olhar, vi um rapaz moreno e com uns braços meio fortes me segurando. Seus olhos castanhos me olhavam espantado e com um tom de preocupação disse:
- Você que está maluco. Tá querendo se matar garoto?
- E você interrompeu isso.
- É, pela sua resposta já dá pra perceber que você não bate muito bem da cabeça.
- Você está me chamando de louco?
- Não. Estou dizendo discretamente que falta parafusos na sua cabeça.
Fui nadando para a beira d'água. E fiquei sentado ao sol pra me secar.
- Por que você tinha que aparecer logo agora? Será que não podia esperar um pouco mais não?
- Espera aí! Você está querendo regular os meus horários agora garoto? Tipo, tenho hora pra chegar onde eu quiser? Eu nem conheço você pra falar uma coisa dessa!
- Ok. Quer saber, eu não vou ficar aqui perdendo meu tempo contigo e discutindo o fato de ter atrapalhado meus planos. Passar bem cara.
- Falow.
E sai andando mata adentro. Fiquei puto de raiva por ele ter aparecido naquela hora inconveniente. Talvez agora, eu poderia estar em outro lugar seja pra bem ou pra mal, mas não estaria mais trazendo tormento pra minha mãe.
Quando cheguei em casa, ela não estava. Fui tomar um banho e trocar a roupa. Após isso, passei na cozinha peguei um pedaço de bolo e peguei o leite que estava na porta da geladeira que minha avó havia deixado par nós.
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